27/10/2015

Na inquietude de um poema

Fotografia: photodom.com

Sinto em mim uma certa nostalgia,
a minha alma está inquieta.
Sinto falta do perfume das flores,
ou será dos pequenos nadas
que me ofereces sem pudores…

Tuas mãos na minha pele
desenham voos de pássaros à solta,
rotas de pura inquietude, 
rumo ao destino das almas serenas
nas entranhas do anoitecer.

Porque a noite será toda nossa,
sem a veleidade das mentes vãs.
Seremos luz, estrelas e luar
na plenitude de cada amanhecer
onde conjugaremos o amar.  




10/06/2014

Entardecer

Fotografia: photodom.com

Rasgo pensamentos enquanto te espero. O sol, a brisa fresca deste final de tarde e a ondulação calma das águas do lago são um bálsamo para a minha alma que ainda há pouco sangrava. E o meu espírito em sintonia com a natureza, leve, fresco e antecipando uma nova luz, já pressente o teu caminhar. Essa presença amena que sempre me adoça o ser. E o estar. Lá vens tu, em passadas certas aproximas-te com o olhar preso no meu. Ao contrário de mim, tu trazes fogo no olhar. Os teus lábios queimam quando num beijo sôfrego se apoderam dos meus. E de repente, soltam-se labaredas no ar. Um fogo fátuo que nos consome os corpos ansiosos por se terem. Que as almas, essas têm-se em tempo integral. Perco-me em ti, nas tuas mãos que deliciosamente se multiplicam na minha pele. Fazes-te céu, noite, estrelas e luar. O teu corpo é o mundo todo em mim. Vales e montanhas que eu percorro na redescoberta de cada ai. Ouve-se uma sonata de Beethoven, ou de outra qualquer divindade, e nós cavalgamos no dorso de cavalo alado até ao olimpo onde os deuses estão em festa…   


07/06/2014

Vou

Fotografia: photodom.com

Vou…
contigo quero descobrir caminhos
que nunca antes foram trilhados.
Rotas projectadas pelas estrelas
na via láctea da intemporalidade.
Porque o momento é este.
Certo ou errado, não sei… mas único
na senda deste fogo que arde vivo
e constante no tempo que não temos.
Urge a união dos corpos… e dos ais.
As almas, essas já se pertencem
sem freios em gemidos loucos de paixão.
E o céu é já ali… tu chamas e eu vou!




16/05/2014

Aconchego

http://www.photodom.com/

Deixa-me repousar a alma
no aconchego do teu corpo…
imiscuir-me, diluir-me
languidamente para dentro de ti.
Liquefeita na tua boca,
quero ser vulcão de paixão ardente,
mel e fogo de desejo crescente.
Quero ser guerra e paz
neste querer que não se desmente.
Vem, penetra-me em plenitude,
toma o meu corpo flamejante
e na espiral dos sentidos em fúria
vamos amar-nos incondicionalmente.



16/10/2013

Só Hoje

Hoje, só hoje…
quero ser o teu mundo.
O teu universo de sonho!
Hoje quero dar-te a felicidade,
ser Deusa, feiticeira… oferecer-te
as estrelas na palma da minha mão.
 
Quero desnudar-te de medos
e mostrar-te, o quanto de encanto
há no improviso do momento.
Sem máculas pré-anunciadas,
apenas, com todo o sentimento.
Quero ser-te o puro encantamento.
 
Quero, ser em ti a certeza
da natureza incerta de cada dia.
Porque, do amor não quero…
saber o porvir, conhecer o amanhã.
Apenas quero ter a eternidade
dos momentos de magia.

06/10/2013

Num desejo ensadecido...


Fotografia: Photodom.com

Num desejo ensandecido quero…

contigo romper a madrugada,

em ais de loucura e sedução.

Fazer da noite uma alvorada ,

com estrelas a explodir no céu.


Quero perder-me nessa loucura

de nos transcendermos os dois,

neste amor urgente e insano

de pele com pele. Avassalador!

Necessidade que sinto… Amor!


Até ao infinito do ser, meu e teu,

eternizar cada momento,, uno,

em frémitos de corpo. Prazer,

na junção das almas em ascensão,

no deleite dos sentidos… Paixão!

28/09/2013

Rendez-vous

 
 
Arrepias-me com esse olhar que penetra até ao meu sentir mais profundo. Todas as estrelas transferiram o brilho para os teus olhos que, inquietos, soltam labaredas de paixão. E incendeiam fogachos no meu corpo, na minha pele reluzente irradiando a luz do teu desejo. É o rendez-vous desde tango que ensaiamos nas horas de ansiosa sedução. Horas em que a minha alma já se entrelaçava, em comunhão, com a tua. Mais do que o corpo, mais do que os sentidos à flor da pele. Mais do que a cumplicidade que se faz agora plena, nos passos deste tango pela noite adentro.

Somos dançarinos num corpo só. E a noite o caminho perfeito para uma esplendorosa alvorada. Depois do mitigar dos sonhos em notas de música descompassadas nos sentimentos, finalmente a harmonia. E a certeza de que este é o nosso mundo. Desejo, paixão, querer. Amor transcendente que vai para além do tempo que dura esta vida.
 


14/08/2013

Plenitude de um sentimento

 
 

Na plenitude dos olhares cúmplices,

despertaram os nossos corpos,  

em cama de sentimentos.

Os corações batiam em síncope

e as almas fundiram-se numa só.

Lágrimas escorreram da emoção

que coroa o estado de graça

em que ambos nos envolvemos.

Meandros de um amor celestial,

transcendente, talvez. Amor total.

Quando, devagarinho, entras em mim,

e, dançamos uma dança de anjos

em puro deleite de prazer.

Elevamos os espíritos aos céus,

num instante conquistamos o universo.  

E as palavras tornam-se pequenas

para dizer de tal grandiosidade…

… um beijo sela o momento…!



08/08/2013

Quero estar contigo

 
 
Quero estar contigo…

num tempo e num lugar só nossos.

Num templo feito pelos Deuses

que constroem as alcovas dos amantes.

Porque o nosso amor é assim…

divino, profano… galáxia transcendente

de estrelas que se espargem, docemente

pelo céu, pela terra e pelo mar…!

 

Quero estar contigo…

numa intimidade profunda. Celestial,

na seiva que me inunda o corpo por dentro.

Alma que te entrego à flor da pele,

nas entranhas de um beijo, gemido de prazer.

Ou no interlúdio de um momento eterno,

a cruzar o horizonte dos sentidos delirantes.

Quero estar contigo, meu amor…!
 


02/07/2013

Quero-te para sonhar, não te quero para amar

 

Dorme enquanto eu velo...
Deixa-me sonhar...
Nada em mim é risonho.
Quero-te para sonho,
Não para te amar.

A tua carne calma
É fria em meu querer
Os meus desejos são cansaços.
Nem quero ter nos braços
Meu sonho do teu ser.

Dorme, dorme, dorme,
Vaga em teu sorrir...
Sonho-te tão atento
Que o sonho é encantamento
E eu sonho sem sentir.

     Fernando Pessoa
 
 
 Vem, não me veles o sono
Ama-me antes ao acordar
E se eu estiver num sonho
Entra sem hesitar
Sacia este meu desejo
de tanto te amar

 Desperta-me com o teu fulgor
Incendeia-me a carne fria
Preenche a minha alma vazia
Com os teus sonhos de amor
Aconchega-me me nos teus braços
E concerta o meu ser em pedaços
 
Porque na genialidade de Pessoa
Que até parece ser tolice
Coisa má e coisa boa
Diz-se sempre o que não se disse
 
 


23/06/2013

Reencontro


Termina assim, este primeiro dia de um verão que chega incerto. As ondas beijam-me os pés e o sol já toca o mar. Só os gritos das gaivotas ecoam na praia deserta… e a minha imensa saudade. Saudade de ti, do teu sorriso, do teu olhar preso ao meu, do teu corpo envolvendo-me com paixão. Parece que passou uma eternidade mas na realidade ainda ontem nos encontrámos depois de tantos anos sem nos vermos. Sinto na minha alma uma inquietude latejante. Medo, sei lá… medo que voltes a partir. Tu disseste que vinhas para ficar mas o destino é imprevisível e eu não sei se a minha vida aguenta até à próxima vez.

Vejo-te ao longe. Caminhas, em passos serenos, ao meu encontro. Continuas com o mesmo jeito de andar, esse charme tão másculo que sempre me deixou com os sentidos inebriados à espera de mais. Do teu corpo quente que me extasiava com prazer. Quero correr ao teu encontro mas permaneço estática, tremem-me as pernas. Digo que talvez seja da brisa marítima que começa a refrescar o lusco-fusco. Que o dia já não tarda a dar lugar à noite. E tu aconchegas-me contra o teu peito no abraço que surgiu tão natural. Sinto o teu coração e tenho a certeza que também sentes o meu, as tuas mãos que acariciam a maciez da minha pele, o magnetismo que nos leva para longe no tempo. Uma data intemporal que não se mede em dias nem horas.

Os teus dedos, poro por poro, desatam os nós da minha pele e o meu corpo resplandece ao luar. Nudez plena que te ofereço sem pudor, calmamente com a certeza de um querer renascente que nunca nos deixou. Agitam-se as entranhas das ondas que nos molham os pés, estrelas cadentes incendeiam o mar e espargem-se cânticos no ar… e depois uma canção de ninar.

15/06/2013

Histórias Sobre Fotografias: A Luz Que Sobre Ti Repousa

 
Aproximou-se devagar. Sob a luz intensa, vislumbrava um corpo quieto, tão quieto que por uma fracção de segundo lhe pareceu ser um corpo sem vida. Mas logo lhe percebeu a respiração, pelo movimento dos seios nus. Não conteve o suspiro de contemplação e em passos muito leves foi chegando mais perto. Encontrava-se em completa harmonia com a natureza, um corpo de luz que deixava transparecer uma alma plena. No esplendor do mundo a reflectir a luz do universo!
Estendeu o braço, com a ponta dos dedos tocou-lhe o rosto e um movimento preguiçoso fez com que as formas curvilíneas ficassem ainda mais expostas. Só podia ser um presente dos céus. Sentiu que o olhar o inundava, virou-se e as almas dos dois tocaram-se com a intensidade de um momento infinito. De seguida, os corpos, envolveram-se numa dança subtil que os levou ao paraíso. Cânticos de anjos entoaram por terra e céu, espirais de prazer ascenderam os corpos ao topo da vida e uma cascata de diamantes jorrou naquele jardim de éden. Atingiram, assim, a liberdade plena. Num momento eterno feito num raio de luz.

28/04/2013

Histórias Sobre Fotografias: Nem Toda A Nudez Será Castigada...


Naquela praia deserta, ela era um pequeno pedaço de mundo. Parte integrante do universo. A extensão da natureza em todo o seu esplendor, como o sol ou como a lua, ou como o vento que embala as marés. Ali era ela, verdadeiramente, tal como a natureza a fizera. Desenfreada, desregrada, a desafiar os amantes que lhe caíam aos pés. Doava-se sem medo nem pudor.
Mas não se doava gratuitamente, não. Tudo na vida tem um custo, e ela nascera do vento e da tempestade. Diziam-lhe! Que ela não se lembrava de que ventre brotara. Para ela fazia mais sentido ser filha da terra e do mar, eles, os eternos amantes deste mundo e do outro. Ora longe, ora perto, doando-se em intensas ondas de paixão. Qual, fogo e gelo, que lhe percorrem as entranhas em cada madrugada, que bebe o sangue dos homens que seduz. Ou lhe oferece o licor dos Deuses em cálices de prazer.
Ela, mulher poema, enaltecida ou censurada pelo mesmo lápis que lhe dá e retira a dignidade. Ela, a Deusa. Ela, a filha de satanás. Demoníaca, feiticeira, rainha e plebeia que encanta e seduz.

26/02/2013

Histórias Sobre Fotografias: VersoInVerso

 
 
Do quase breu que envolvia a madrugada, ela emergia. Mulher diva, qual rainha da noite, surgia em todo o seu esplendor puxando-o para uma dança de fogo. E ele dançava. Era feitiço, o que o levava, naquela viagem de mistério e aventura através do seu corpo em chamas. De onde vinha, de que reino encantado emergia, ele não imaginava. Talvez viesse de um qualquer reino celestial, tão divina era a sua sedução. A lascívia que tão ardentemente transbordava daquele corpo e daquele espírito só podiam ser dos céus, nunca dos infernos. Que o inferno jamais ofereceria tanta perfeição… e era perfeito. Oh se era!
O momento, sempre imprevisível, em que se sentia envolto em véus. E nas mãos que, tão docemente, lhe acariciavam a pele. Num intenso jogo de sentidos, desprendia-o de todas as suas roupas, aprisionando-o nas profundezas das entranhas. Ela, feiticeira de reinos distantes, abria-se em flor para o receber. Em delírio. Numa permuta de doação total, até às estrelas que os inundavam de luz. E depois, a alvorada devolvia-a mais uma vez à neblina, sem qualquer rasto a indicar o seu nome. Só na alma dele. E aí ele chamava-lhe encanto.
Até àquela madrugada em que, no desabrochar do seu corpo em flor, ele a viu. A serpente quase invisível ondulando na sua pele. A mesma que há dias tinha visto no corpo de uma das beatas da sua igreja.

13/02/2013

Histórias Sobre Fotografias: Sei Que Me Olhas Através da Vidraça



Extasiado, deixou escapar um gemido por entre a penumbra da noite. Já perdera a conta ao tempo que passara naquele mesmo lugar, noite após noite, encostado ao muro do jardim, encoberto pela folhagem do velho plátano, habituado a guardar histórias de luxúria e de prazer. Como um pecador que a qualquer hora podia ser apanhado em flagrante delito, observava-a. E ela exibia-se para ele. Num cenário previamente preparado, todo ele a apelar ao despertar dos sentidos, oferecia-lhe o seu corpo de mulher. Fémea sensual, em todo o seu esplendor, desnuda de qualquer pudor.

Insinuava-se por detrás do cortinado entreaberto, levando-o devagar pelos meandros do delírio que devassamente percorria. Trilho dos infernos, ou plenitude dos céus, num vai vem de loucura, instigada e consentida. Era apenas a linguagem dos corpos a falar do êxtase dos sentidos, sem regras, sem cobranças, sem convenções. Nunca tinha havido uma só palavra naquele acordo tácito que o trazia, todas as noites para aquele lugar. E a fazia, a ela, perfumar-se para o esperar. Horas de paixão, livre, irreverente, luxuriosa, de aventura e segredo guardado no mais ínfimo recanto da alma de cada um.

As mãos dela acariciavam, poro por poro, toda a extensão da sua pele, como se fosse ele a sorver todo aquele mel. E ele, ele reinventava, uma e outra vez, o caminho para o vulcão a jorrar cascatas incandescentes de lava a fervilhar. De um e do outro lado da vidraça, a comunhão, a integridade dos corpos depois do prazer. E o cigarro, saboreado cumplicemente antes da despedida...