23/06/2013

Reencontro


Termina assim, este primeiro dia de um verão que chega incerto. As ondas beijam-me os pés e o sol já toca o mar. Só os gritos das gaivotas ecoam na praia deserta… e a minha imensa saudade. Saudade de ti, do teu sorriso, do teu olhar preso ao meu, do teu corpo envolvendo-me com paixão. Parece que passou uma eternidade mas na realidade ainda ontem nos encontrámos depois de tantos anos sem nos vermos. Sinto na minha alma uma inquietude latejante. Medo, sei lá… medo que voltes a partir. Tu disseste que vinhas para ficar mas o destino é imprevisível e eu não sei se a minha vida aguenta até à próxima vez.

Vejo-te ao longe. Caminhas, em passos serenos, ao meu encontro. Continuas com o mesmo jeito de andar, esse charme tão másculo que sempre me deixou com os sentidos inebriados à espera de mais. Do teu corpo quente que me extasiava com prazer. Quero correr ao teu encontro mas permaneço estática, tremem-me as pernas. Digo que talvez seja da brisa marítima que começa a refrescar o lusco-fusco. Que o dia já não tarda a dar lugar à noite. E tu aconchegas-me contra o teu peito no abraço que surgiu tão natural. Sinto o teu coração e tenho a certeza que também sentes o meu, as tuas mãos que acariciam a maciez da minha pele, o magnetismo que nos leva para longe no tempo. Uma data intemporal que não se mede em dias nem horas.

Os teus dedos, poro por poro, desatam os nós da minha pele e o meu corpo resplandece ao luar. Nudez plena que te ofereço sem pudor, calmamente com a certeza de um querer renascente que nunca nos deixou. Agitam-se as entranhas das ondas que nos molham os pés, estrelas cadentes incendeiam o mar e espargem-se cânticos no ar… e depois uma canção de ninar.

Sem comentários: