07/10/2012

Corpos em Diálogo

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Silêncio…

Apenas o diálogo dos corpos,

travando uma batalha de fogo.

E lá fora, a lua extasiada

ondula o insinuante baile da serpente

… ou dança de vénus, apaixonante.

Na penumbra, escorre o silêncio,

que bebemos sofregamente.

Puros, livres, sem tempo…

A noite cala tudo lá fora, por instantes,

ou minutos, ou horas. Eternamente.

Declamas poemas de palavras excitantes,

malícia doce, que respiras na minha pele.

Sabores, odores, frémitos de prazer,

entre o sonho e a madrugada.

Libertam-se estrelas apaixonadas…

 

                               … acordamos num amanhecer azulado.
 
 

22/09/2012

Pela noite, choveu

 
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A chuva prometia não despegar da noite, e a única alternativa era esperar que o dia despertasse. Aqueles caminhos, à noite, só eram reconhecíveis pelo tacto. E ainda assim, era preciso já os ter percorrido uma meia dúzia de vezes, pelo menos. Havia lenha na cabana. Menos mal, assim sempre nos aquecíamos. Ainda bem que não consegui largar este maldito vício, ironizou referindo-se ao isqueiro que usou para acender o lume. Engano. Só a visão daquele corpo, na penumbra, completamente colado à roupa molhad, acendia um fogo inteiro. E os olhos que irradiavam faíscas contra a transparência do meu vestido colado à pele, ateou fogachos… à solta, nas mãos, nas bocas, nos corpos, que se fundiram num só. Pela noite dentro, até que o dia despertou… e parou de chover.  
 
 

02/07/2012

Num suspiro de pássaros


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Num suspiro de pássaros
caminhámos pela eternidade…
nos momentos em que, perdidas,
as tuas mãos se encontraram
no meu corpo.
Ardentes, sedentas de mim,
e o meu corpo desnudo para ti…
procurando a entrega
que na espera sempre se faz urgente.
Tão docemente…!
O beijo que sela a promessa
de uma partilha terrena… celestial.
São o cheiro e o sabor de uma paixão,
Sem razão…!
Amarrada, apenas com os laços
que as peles criaram…
e as almas, e os espíritos, e os corações…
Licor de amoras silvestres
que embriaga os sentidos,
perdidos no limbo das emoções.
Até ao ponto fulcral,
consumação de amor celestial…!


17/05/2012

Assim...


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… aconchegar-me na ternura do teu olhar e assim deixar cair os minutos do tempo entre palavras, sorrisos e pensamentos. As peles, lado a lado, sem se tocarem ainda por momentos e as mãos que na extensão das palavras se entrelaçam docemente deslizando dos braços até aos dedos.
 Atrás das mãos, as bocas desfazem-se em beijos urgentes, despertam o nosso instinto de amantes e percorrem trilhos que vão do desejo ao prazer, soltando gemidos que emanam sabores e cheiros de paixão. O meu e o teu cheiros, o meu e o teu sabores, que se fundem num só, impregnado de desejo. As mãos e as bocas que exploram os corpos, desenfreadas, como se procurassem o caminho para ilha do tesouro.
Tu sabes meu amor, como me fazer render a ti…!
E a cada toque, a cada beijo, tu penetras mais e mais em mim , abraças-me como se fossemos voar, unindo os corpos num insano canto de luxúria….
… pela noite dentro, ficamos assim!



20/04/2012

Esse teu jeito de chegar

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Aproximas-te devagar…
- sempre adorei esse teu jeito de chegar –
abraças-me, respiras a minha pele…
inebrias-me com o teu aroma sensual,
despertas com beijos o meu corpo de mulher.
Quase desnuda, esperava-te assim…
na penumbra da noite, coberta com o lençol,
em confidências com as estrelas,
que só elas sabem dos (i)limites da nossa paixão.

Percorro-te o corpo com as minhas mãos…
e as tuas, numa fusão de sabores, fazem-se língua
deslizando em direcção à corrente de águas mornas,
que de mim escorrem, sem ainda te saciares...
Soam gemidos de pássaros, livres, 
que esvoaçam pelo universo das nossas sensações.
Selvagens… em movimentos ascendentes aos céus,
são eles a simbologia do nosso querer,
simbiose perfeita de corpos e almas… estar e ser!

Penetras em mim… a madrugada
que, em gotas de orvalho desfeita, te dou a beber,
qual mel dos deuses em flamas.
E, na ansia dos nossos corpos em chamas, desfalecemos,
para logo voltarmos a reacender!
Que o fogo em nós não se apaga…
somos sempre únicos em cada madrugada.
Percorremos os universos do prazer,
e permanecemos…

                                   … um no outro…!

11/04/2012

Despedida de Um Verão


Plataforma flutuante… ou pedaço de chão…
não sei, não importa…! Era o universo mágico
que ambos construímos para o amor.
Nosso, tão nosso… partilhado, apenas,
com as andorinhas que naquele tempo já partiam
para destinos mais a sul. Tal como nós!
Não, nós não íamos para destinos a sul,
mas também partíamos!... Partíamos de um verão
que nos tinha ensinado a amar…!

Nos teus olhos o desejo. E nos meus… ah, nos meus,
as águas do verde lago que eram os teus.
Águas onde, nua, mergulhava sem pudor,
e as tuas mãos me tocavam, numa sinfonia de tons,
nota por nota, as melodias da minha pele,
que assim compúnhamos canções de amor.
Ou numa dança de sentidos, penetravas dentro de mim,
até ao mais ínfimo do meu ser. Momentos…
em que, devotamente, me fazias mulher!

E eu, desnuda de corpo, mas principalmente de alma,
entregava-me inteira ao teu prazer, ou meu…
na verdade era prazer dos dois. Porque sim,
porque assim o consentimos em dádivas e entregas mútuas.
Até que o fim de tarde dava lugar à noite
e com ela os raios pendentes da lua cheia,
com que amarrávamos o nosso sentir, finos raios de luar.
Porque o verão partia, à procura de outro amor,
mas o nosso continuaria, livre, pelas quatro estações!


31/03/2012

Absolutamente


Os teus beijos, suspiros de gaivotas
que poisavam na minha boca…
e no meu corpo de águas mansas
das ondas que rebentavam
aos nossos pés… e as mãos de desejo,
as tuas, tocavam-me os cinco sentidos
como quem toca o seu objecto de culto!
A minha alma era o teu culto, que,
de comum acordo, já há muito te entregara.
Deixávamos avançar a noite, sem pressa,
porque era sob o seu manto de estrelas
que a entrega se fazia mais intima…
e nós queríamos a intimidade plena.
Dos corpos, dos espíritos e das almas!
Queríamos a intimidade que nos colocava
absolutamente um dentro do outro, inteiros,
de plenitude na partilha de cheiros e sabores.
Enquanto o odor da nossa paixão enchia a noite,
e pela madrugada dentro, imitávamos as ondas
do mar chão que nos temperava de sal, a pele…
num vai vem que nos levava até ao céu,
onde tocávamos a lua que rebentava em cascatas
de diamantes para dentro de mim…!

Até que a alvorada nos trazia de novo para a terra,
de onde havíamos partido ao anoitecer…


19/03/2012

Fala-me de Amor...!


Diz-me… fala-me de qualquer coisa
que me aquiete o coração…
e o espírito… e as mãos..
Diz-me qualquer coisa, fala-me de amor!
Fala-me com as tuas mãos,
daquele amor tranquilo gravado
na minha pele… e na alma… e…
na serenidade de cada momento a dois.
Diz-me que também me amas assim…
tranquilamente na ausência,
ou na penumbra de um olhar difuso
sobre o meu corpo, ou sobre os meu ventre
em ansias para te acolher, venerando-te.
… e amar-te… e amar-te… e amar-te…
Na quietude de um momento solene!