31/03/2012

Absolutamente


Os teus beijos, suspiros de gaivotas
que poisavam na minha boca…
e no meu corpo de águas mansas
das ondas que rebentavam
aos nossos pés… e as mãos de desejo,
as tuas, tocavam-me os cinco sentidos
como quem toca o seu objecto de culto!
A minha alma era o teu culto, que,
de comum acordo, já há muito te entregara.
Deixávamos avançar a noite, sem pressa,
porque era sob o seu manto de estrelas
que a entrega se fazia mais intima…
e nós queríamos a intimidade plena.
Dos corpos, dos espíritos e das almas!
Queríamos a intimidade que nos colocava
absolutamente um dentro do outro, inteiros,
de plenitude na partilha de cheiros e sabores.
Enquanto o odor da nossa paixão enchia a noite,
e pela madrugada dentro, imitávamos as ondas
do mar chão que nos temperava de sal, a pele…
num vai vem que nos levava até ao céu,
onde tocávamos a lua que rebentava em cascatas
de diamantes para dentro de mim…!

Até que a alvorada nos trazia de novo para a terra,
de onde havíamos partido ao anoitecer…


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