03/11/2011

Incondicionalismos de uma Intemporalidade


Pairava sempre no ar
a mesma frase, sentimento,
uma coisa que vinha de dentro,
“Não o podemos mostrar,
não terá entendimento!”
Mas entendimento para quê?
Quem quer entender o sentimento?
Mesmo num corpo ausente
ainda há a alma…
… e a alma sente, oh se sente!
Sente com tal intensidade
que se esquece do corpo ausente


A alma não morre, a alma vive
e renasce a cada instante.
(instantes de amor)
Mas também morre nos momentos
de dor!
Na dor da incompreensão,
ou talvez seja razão!
Razão… quem quer ouvir a razão
quando a irracionalidade é tão mais
tentadora?
Não há limites para nos perdermos
numa embriaguez avassaladora.
Não faz falta o corpo
se são os espíritos que se abraçam
em passeios que vão até às estrelas,
e voltam…


Voltam para o mundo triste e obscuro
onde os corpos não têm alma.
Não sentem, não vivem,
alimentam-se apenas de convenções.
Sem conhecimento, sem discernimento,
julgam, condenam…
Não sabem nem querem saber
que há muito mais que aquilo
que conseguem ver.
Estão presos num mundo pequeno
de janelas fechadas para o amanhecer.


Não sei do tempo,
não sei de que vida falo.
Só sei deste estado de alma
em que me encontro.
Que transcende
a minha própria existência.
Ausente do mundo
dos comuns mortais
caminho pela galáxia
que me leva para o teu mundo…
Nosso mundo de sonho,
de fantasias tão reais!
Onde tu me acolhes tão ternamente,
e me amas…
Em noites de lua cheia me amarras
com finos raios de luar.
Dás-me estrelas a comer,
e comes também.
Dizes-me que por cada uma
um desejo…


Como são belas as noites
que em sonhos dourados
revivo as palavras
que durante o dia me dedicas,
em declarações de amor
ditadas ao sabor do momento.
Não tarda nada
todas as tuas noites serão minhas,
e então comporemos sintonias
de amor total.
Tu far-me-ás serenatas ao luar,
e eu entregar-me-ei inteira
ao delírio dos teus dedos.
Queimarão os corpos
no fogo lento da paixão.
Urgentes, as bocas
serão desfeitas em beijos
e promessas de amor eterno.
Unimo-nos assim de alma
e corpo ausente.


Resplandecentes madrugadas
que nos teus braços me levam
aos jardins dos dias em flor.
Há borboletas, andorinhas,
sonhos de mil cores.
Não sei se é inverno, se é verão,
é primavera no meu coração.
Canto… canto melodias de felicidade!
Quero… quero ver o mundo em festa!
Sentir que tudo o que me rodeia
rejubila e compõe hinos ao amor!


E tu, tu partilhas comigo os sonhos.
Dás-me a mão e levas-me
pelas dunas do deserto que conheces
e adoras. Tornas a magia real.
Presenteias-me com idílios
das mil e uma noites e acreditas,
tanto como eu, que o sonho é lícito.
E assim é, num espaço e num tempo
só nosso, o sonho é lícito!
Puro e sem as maculas dos homens
que transportam corpos desalmados
pela cegueira dos corações.
Oh, corações cegos que não amam,
nem deixam amar…
Porque destroem tão levianamente
o sonho?


Há sombras negras a arrastarem-se
no meio das almas que vivem.
Querem apagar o encanto,
como se só assim tolerassem
a sua própria escuridão.
Não aguentam as almas iluminadas
porque elas, as almas que iluminam
põem a descoberto a miséria
oculta nas sombras,
que se arrastam por entre as almas ,
que, em estado de graça, vivem!

Quantas vezes, uma e outra vez,
me pergunto porquê?
Porque me condenam
- nos condenam – por amar?
Sim, porque o nosso pecado
é amar. Amar a vida,
amar o simples acto de amar!
Amar sem limites, sem amarras,
para lá das convenções
que designam o que é o amor.
Há amores proibidos,
sei que há. Mas não,
não entendo o porquê! Não
é o amor um sentimento livre,
com vontade própria,
que não cede ás repressões,
da sua própria existência?
Porquê submetê-lo a convenções?

Num amor livre, voamos
pelo universo dos sonhos reais.
Amor que não é como os demais,
nem nunca será…
Porque a liberdade é perfeita,
a liberdade desta paixão
ardente. Comovente, até!
Em que tu me envolves
sem falsos pudores, sem hipocrisia.
Só a magia… do nosso sonho
tão real!

Tu, só tu o sabes
o segredo que me aquieta a alma.
Como ninguém, tu sabes
quais são as minhas ansiedades.
Sabes que sinto
que tudo o que te dou é pouco,
embora digas que não.
Há dentro de mim um desejo…
Oferecer-te o universo
à escala do infinito.
Desejo sobrenatural, com certeza!
Mas que mais se pode oferecer
a um sentimento, assim,
com tanta beleza!


Nefertiti
Fotos: http://www.photodom.com/

7 comentários:

Manuela Mendes disse...

"Sem conhecimento, sem discernimento,
julgam, condenam…"
E os condenados sentem a sentença nua e crua...injusta, estúpida.
Extenso mas nem por isso menos límpido!

Organização cá em casa disse...

vi a reportagem na rtp1 ... Há pessoas por menos que nao tem a mesma força q voçe tem ! Porque mesmo q nao a sinta, ela está consigo. dentro de si, a força suficiente de quem acompanha, dos blogs e do livro ... tem imenso talento... adorei as poesias... esta q escrevi identifikei me muito ! Tem aqui uma admiradora ! :)

desejo lhe tudo de bom ! um beijinho RC

Paula Raposo disse...

Adorei! Obrigada pelas palavras deste belíssimo poema. Beijos.

Alexandra Ribeiro disse...

Estou ainda atónica...como este teu poema diz tanto....diz tanto que nem sei se compreendi tudo...mas como sei que não será a ultima vez que o irei ler...la chegarei....
tanto sentimento...tantas verdades que a maioria de nós prefere fingir que não ve no dia a dia....
Lindo!!Belo!!Emocionante!Tocante!!

Uma grande beijo Nefertiti :)))

Alexandra Ribeiro

Dina Rodrigues disse...

"Como são belas as noites
que em sonhos dourados
revivo as palavras
que durante o dia me dedicas,
em declarações de amor
ditadas ao sabor do momento."
Que delícia de palavras! Poema um pouco extenso, que tenho de ler e reler novamente, mas na primeira leitura gostei imenso.
Gostei de matar saudades da Nefertiti!
Beijo

Anita de Castro disse...

Feliz Natal amiga,,,,

Bia Didi disse...

Entro aqui e desço calmamente, sem pressas...Vou lendo, extasiada...A minha alma aquieta-se do dia turbulento que tive hoje. Obrigado e bem hajas, Luisita, pelo bálsamo dos teus poemas. Beijinho