05/12/2009

Dueto Poético Erg Chebbi & Nefertiti - anDANÇAS de PAIXÃO




anDANÇAS de PAIXÃO


É entre a brisa e o anoitecer




da morna carícia em nossos corpos, suaves toques de seda




em final de tarde




crepúsculo encantado na magia de um deserto penetrando a noite.




Da música sincopada




- expressão gnawa em todo o mistério que antecede o prazer -




aromas de sedução exalados




dos frutos tropicais espalhados pelo tapete berbere.




Das lamparinas emergentes de escuridão




reflectidas em teus olhos brilhando




perdidos na transparência do meu corpo sob véus…










Solto o cabelo




em ondulantes movimentos de volúpia aproximando-me




de estendidas mãos




como quem dizendo silenciosa:




Vem, vem comigo inventar esta dança…!










Que não sei esta dança tu sabes




que a sei inventar tu acreditas




nas noites e nos dias e nas brumas e nos dedos…




Rasgando os véus




sob os quais te insurges altiva e branca




longe dos conturbados dias que já não os meus




nos socalcos mágicos de te entrever o corpo




intercalando entre o medo e a paixão.




Da serena inquietude dos seios e das tâmaras




e a imponente vontade de te querer




aqui estou despojado




numa absoluta prontidão




remanescente da urgência de um desejo.










Da dança em que juntos envolvidos




despidos dos trajes em tapetes cansados de esperar




oiço o crepitar do teu corpo de ânsias soerguido.




Apenas no momento de te refazer mulher




num arredondamento de corpo




em que te aconchego as palavras todas




- as ditas, as não-ditas… até as malditas -




e te circundo e te possuo e me aninho




por entre algumas delas num sussurro de mar




de uma enchente de maré até




que a espuma venha beber em nossos pés…










Dança marítima porque ondulante em que me refaço contra ti




para depois de me afastar




- apenas o tempo necessário –




retornar vigoroso sentindo no cheiro do teu




a plenitude do meu




num desmaio de corpo saciado que espera ainda




o dissolver da tua boca dentro da minha…










Vem-te comigo dramática nesta dança de eros




refazer passados vingados no presente




a eternidade que se afigura imediata...!




Vem-te comigo, meu amor




- porque não há longe nem distancia que nos contenha -




de um mundo atávico




cavalgar os sonhos na prontidão de serem habitados




numa insuspeita nudez




de corpos translúcidos




de almas tranquilas




de vida ainda…










Deixando cair a noite




assim permanecemos sem definições




enlaçados de plenitude que se quer infinita…


Erg Chebbi & Nefertiti



2 comentários:

Aleatoriamente disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Aleatoriamente disse...

Cheio de néctar dos deuses.
No passo a passo, o amor desnuda-se, sempre.
Na brisa, ou nas ondas do mar.
Num corpo de desejos, onde a bruma faz caricias na imaginação.
*
Belíssimo poema.