Cumplicidade neste sonho
Que navega ao sabor do vento
Meu corpo é o teu mar
O teu caminho das delicias
Exploras, descobres, possuis
As rotas mais secretas
Aquelas por onde só tu passeias
Que só a ti entreguei o mapa
Nesse barco que é teu corpo
Percorres-me assim, inteira
Penetras os meus segredos
E eu de alma desnuda
Embarco contigo
Nesta viagem de um só destino…!
Nefertiti

anDANÇAS de PAIXÃO
É entre a brisa e o anoitecer
da morna carícia em nossos corpos, suaves toques de seda
em final de tarde
crepúsculo encantado na magia de um deserto penetrando a noite.
Da música sincopada
- expressão gnawa em todo o mistério que antecede o prazer -
aromas de sedução exalados
dos frutos tropicais espalhados pelo tapete berbere.
Das lamparinas emergentes de escuridão
reflectidas em teus olhos brilhando
perdidos na transparência do meu corpo sob véus…
Solto o cabelo
em ondulantes movimentos de volúpia aproximando-me
de estendidas mãos
como quem dizendo silenciosa:
Vem, vem comigo inventar esta dança…!
Que não sei esta dança tu sabes
que a sei inventar tu acreditas
nas noites e nos dias e nas brumas e nos dedos…
Rasgando os véus
sob os quais te insurges altiva e branca
longe dos conturbados dias que já não os meus
nos socalcos mágicos de te entrever o corpo
intercalando entre o medo e a paixão.
Da serena inquietude dos seios e das tâmaras
e a imponente vontade de te querer
aqui estou despojado
numa absoluta prontidão
remanescente da urgência de um desejo.
Da dança em que juntos envolvidos
despidos dos trajes em tapetes cansados de esperar
oiço o crepitar do teu corpo de ânsias soerguido.
Apenas no momento de te refazer mulher
num arredondamento de corpo
em que te aconchego as palavras todas
- as ditas, as não-ditas… até as malditas -
e te circundo e te possuo e me aninho
por entre algumas delas num sussurro de mar
de uma enchente de maré até
que a espuma venha beber em nossos pés…
Dança marítima porque ondulante em que me refaço contra ti
para depois de me afastar
- apenas o tempo necessário –
retornar vigoroso sentindo no cheiro do teu
a plenitude do meu
num desmaio de corpo saciado que espera ainda
o dissolver da tua boca dentro da minha…
Vem-te comigo dramática nesta dança de eros
refazer passados vingados no presente
a eternidade que se afigura imediata...!
Vem-te comigo, meu amor
- porque não há longe nem distancia que nos contenha -
de um mundo atávico
cavalgar os sonhos na prontidão de serem habitados
numa insuspeita nudez
de corpos translúcidos
de almas tranquilas
de vida ainda…
Deixando cair a noite
assim permanecemos sem definições
enlaçados de plenitude que se quer infinita…
Erg Chebbi & Nefertiti